Após um bom tempo não só tentando adaptar a aventura dessa postagem como também escrever elementos narrativos além do que mostrei no vídeo, FINALMENTE está pronto esse capítulo de Sobreviventes de Cthulhu! Creio que vocês acharão um tanto interessante o que será mostrado aqui. sigamos com o capítulo 😉

CAPÍTULOS POSTADOS

Parte 1 | Parte 2

Um ano atrás

I

Aquele ataque começou com um incêndio na biblioteca do campus. Logo em seguida, aquelas pessoas trajando mantos escuros e alguns monstros provocaram várias mortes na universidade. Os poucos que sobreviveram ao incidente, se mantiveram em salas, depósitos ou qualquer outro lugar que fosse possível se esconder. Lutar contra aquelas pessoas ou os monstros era ir de encontro com a morte.

No dia seguinte, após uma noite mal dormida para alguns e da qual era possível perceber movimentos do lado de fora, tudo parecia mais calmo, no entanto, o receio de sair invadia alguns. Apesar disso, havia os que consideravam a possibilidade de se instalarem temporariamente na casa de quem conhecesse e morasse próximo da universidade, pois não poderiam ficar nos seus esconderijos para sempre, não apenas devido à fome como pelo fato de que a universidade não era um local seguro.

Trocando ideia com Jade e Lucas durante a manhã, através de mensagens, Gabriel combinou com eles junto de Eduardo e Lorena ficarem na casa de Jade por um tempo. Alguns ficariam de passagem, pois conseguiram contato com parentes que poderiam buscá-los. Todos concordaram que era melhor encontrá-los fora da área da universidade, pois, com tudo que aconteceu no dia anterior, era melhor evitar que mais pessoas entrassem nesse lugar.

Eles combinaram de seguir para a casa de Jade durante a tarde assim que fosse possível, no entanto as últimas mensagens de Jade deixaram Gabriel intrigado. Nelas ele mencionou que o namorado dele não estaria em casa e por isso, caso o grupo de Gabriel chegasse antes ou eles esperariam o dele ou poderiam pedir ajuda para a senhora da casa ao lado, já que ele estaria com as chaves da casa e não teria como eles entrarem. Gabriel estranhou isso, pois no dia anterior Jade não havia mencionado que não estava conseguindo entrar em contato com Alen.

Gabriel considerou a possibilidade de Jade ter passado esse tempo tentando ter contato e por isso não mencionou antes. Ele mesmo, até o momento, só conseguiu falar com sua mãe, quanto o seu pai nada, porém isso tudo era levemente estranho.

Após um tempo sem aparentemente haver movimento no lado de fora, Gabriel, Lorena e Eduardo se viram prontos para sair. A porta foi aberta com cuidado, as outras pessoas que decidiram ficar na sala estavam apreensivas também, porém o corredor estava vazio, então rapidamente eles saíram da sala e fecharam a porta, para logo em seguida percorrer o caminho para as escadas do prédio.

Estava tudo calmo, porém isso não era tranquilizador, havendo algumas manchas de sangue no chão e nas paredes. Estranhamente, neste corredor não havia nenhum cadáver e Lorena notou que algumas manchas traziam a impressão de algo ter sido arrastado.

Quando chegaram nas escadas, eles desceram agachados, porém pouco antes de chegar ao nível do andar inferior, eles ouviram um barulho e logo pararam. O som parecia uma mistura de grunhido e de algo sendo triturado e assim que espiaram para ver o que era, eles avistaram uma criatura bípede, de pele escamosa de um verde escuro levemente azulado e barbatanas em seus braços e costas, além de uma enorme calda. Não era possível ver a face da terrível monstruosidade por tal criatura estar distraída devorando a carne do que sobrou de uma pessoa, porém um imenso arrepio percorreu a espinha do trio.

Eles recuaram rapidamente para fora de vista antes que o monstro os percebesse. Gabriel e Lorena ficaram com um leve embrulho no estômago pela cena que acabaram de ver, enquanto Eduardo começou a ficar com a respiração um pouco irregular e a suar frio.

— O-o que é aquela coisa?! — perguntou Eduardo, não acreditando no que acabou de ver.

— Ipupiara, Caboclo D’água, Abissal, Monstro do Pântano, você escolhe — respondeu Gabriel.

— Eu tou falando sério!

— Também tou.

— Não era… Não era pra esse tipo de coisa existir, só pode ser piada, aquilo tudo de ontem… Meu Deus… 

— Se acalme — Lorena falou — Tem que ter outro jeito de sairmos daqui…

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, até que de repente Gabriel falou do poço do elevador. Lorena ficou surpresa por essa sugestão, pois por estudar boa parte de suas matérias em outro prédio, ela não sabia que havia um elevador ali.

— Na verdade é só o buraco —Gabriel explicou — Era pro papo furado da universidade de “mais acessibilidade”, mas nunca instalaram.

— Tem esse poço mesmo… — Eduardo confirmou — Mas mesmo o prédio sendo pequeno, se a gente cair ao tentar descer, não vai ser agradável.

— Acho que a gente não tem muita opção — disse Lorena pensativa — vamos ter que tentar.

Eles andaram pelos corredores do andar até chegarem numa placa de madeira, que com um pouco de força foi possível retirar e revelar um buraco. Havia apenas dois andares abaixo deles até o fundo do poço, então um a um eles desceram, utilizando a beirada da “entrada” dos andares como apoio. Eduardo desceu primeiro e ajudou Gabriel e Lorena a descerem. Assim que chegaram no fundo, bastou subir um pouco na pequena escada que havia no fundo do poço para acessar o último andar com melhor apoio para verificar se não havia nada do lado de fora. Retirando a placa que fechava a entrada da área do elevador, eles puderam finalmente sair do local sem serem notados.

Finalmente fora do prédio, eles andaram um pouco atentos, evitando ficar tempo de mais distantes de construções para não ficarem expostos. Em alguns lugares, era possível ver sangue e massas de carne indistinguíveis. Eles tentavam andar sem pensar muito no que avistavam e no que aconteceu no dia anterior. 

No meio do caminho, quando estavam próximos de um prédio em construção, Eduardo sugeriu que eles precisavam pegar algo para se defender. Gabriel não gostou muito da ideia pois queria sair da universidade o mais rápido possível, porém Lorena concordou em procurarem e ele não tinha como ir contra isso.

Eles olharam em volta do prédio e facilmente encontraram um meio de entrar. No interior do prédio, pela poeira e estado de abandono, era possível notar que ninguém passou pelo local, ao menos durante o incidente do dia anterior. Num cômodo, eles encontraram alguns materiais de construção depositados que pareciam estar uns bons anos onde estavam. Haviam sacos de cimento, tijolos e outros materiais de construção, eles pegaram alguns canos de metal de tamanho um pouco inferior a um cabo de vassoura.

Dentro do prédio, eles perceberam uma outra saída, que seguia para uma área com algumas árvores que não estava cercada pelas placas de metal que estavam ao redor da construção, então perceberam que poderiam pegar esse caminho para sair da área do campus sem ficarem totalmente visíveis.

Havia uma pequena trilha e à distância podiam ver alguns prédios da universidade, assim sem correr o risco de se perderem. Era possível reconhecer alguns e perceber que estavam próximos da saída, porém, eles não estavam atentos o suficiente nesse momento para se antecipar, então quase ao mesmo tempo viram um homem trajando um manto amarelo e este percebeu o grupo.

O homem pegou uma adaga de baixo de seu manto e avançou na direção do grupo enquanto balbuciava palavras de uma língua da qual no momento ninguém reconheceu. Eduardo se colocou na frente e bateu com o cano na mão do homem, fazendo-o largar a adaga, porém este continuou pronunciando as palavras. Por um momento, antes de atacar, Gabriel viu que um brilho esverdeado estava se formando ao redor de uma das mãos do homem de manto, mas de repente Lorena avançou nas costas do inimigo e bateu com o cano na cabeça dele, fazendo-o ficar inconsciente.

Gabriel ficou com os olhos arregalados por um segundo e suas mãos começaram a tremer levemente. Ele olhou pro corpo do homem e, quase involuntariamente, desviou o olhar para a direita, encarando aquela Sombra, que o observava de volta. Ele ficou paralizado tempo o suficiente para Lorena perceber que ele estava olhando para algo, mas ao olhar na mesma direção não avistou nada. Antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Gabriel bruscamente começou a revistar o corpo caído no chão enquanto sua mente se inundava com o que acabou de ver e o pouco que viu do caos no dia anterior. Era visível que estava nervoso, mas ele tentava não respirar rápido nem tremer demais. 

— Gabriel, o que foi? — Lorena o perguntou se aproximando dele.

— N-não é nada — ele respondeu baixo — A gente acabou de ver um monstro minutos atrás, eu não sei porque tou surpreso em ver que esse filho da puta quase fazendo… Magia.

— Quê?

— Eu já tou quase sem juízo, ok?! — ele suspirou e após terminar a revista continuou — Tá… Fora alguns frascos que eu não sei do que é, ele não tem nada…

— Nem vi pra onde voou a adaga que acertei… — comentou Eduardo olhando ao redor — Acho melhor a gente aproveitar e ir andando, antes que apareça algum amigo dele.

Os outros concordaram, então seguiram em frente.

As ruas nos arredores da Universidade estavam desertas. Eles não tinham certeza se o incidente no interior do campus afetou a vizinhança, não havia como saber por a princípio não encontrarem rastros de sangue ou o que sobrou de alguém, porém, após alguns minutos andando, eles perceberam vestígios de sangue no chão e logo adiante uma pessoa caída. Olhando com mais atenção, Lorena reconheceu a pessoa e se moveu na direção dela. Antes que Gabriel ou Eduardo intervissem por ela fazer isso de repente, ela falou que aquela pessoa era Isaac, uma das pessoas que trabalhava na biblioteca.

Lorena o reconheceu facilmente por frequentemente ir à biblioteca e vez ou outra conversar com ele quando o encontrava. Ele tinha a mesma idade do irmão mais velho dela, quase 30 anos, mas ela sabia que ele era uma boa pessoa. Lorena o sacudiu para checar como ele estava e notou ele se mexer um pouco, mas não recobrou a consciência.

— Ele ainda tá vivo — Ela suspirou com certo alívio.

— Me surpreende esses olhos de águia — Gabriel ironizou — Como ele veio parar aqui?

— Eu não sei, pode ser que nem a gente. Hum… Ele tá um pouco machucado…

Lorena o checando melhor percebeu que ele estava com nada, apenas um pedaço de papel em uma das mãos. Ao pegá-lo era uma folha amarelada. Havia alguns símbolos, mas ela não conseguia entender e perguntou para os outros se eles conseguiam. Eduardo achou  ter visto antes, mas não lembrava onde nem conseguia entender. Gabriel também não conseguiu decifrar.

— Coisa com língua estranha, isso não é bom… — Gabriel disse franzindo as sobrancelhas e olhando pro papel.

— Mesmo assim, a gente não pode deixar ele aqui.

— Ok… Acho que dá pra descobrir o que é isso depois. Ou ainda, se ele acordar vai ser melhor.

Gabriel e Eduardo se juntaram para carregar Isaac. Apesar da diferença de altura de ambos, não houve muito problema para carregar o que estava inconsciente.

II

O caminho passou a ser mais lento e um pouco mais difícil de seguir discretamente por estarem carregando uma pessoa. Estava causando certo desconforto a situação, com nenhuma alma viva por perto e isso não era normal, há algumas lojas nesta rua, porém estas estavam fechadas.

De repente, eles ouviram um grito “Ei!” e com isso Gabriel e Eduardo se assustaram ao mesmo tempo,  mas com sorte não deixaram Issac cair sem querer. Ao se virarem, viram que logo atrás deles estavam Lucas, Jade e mais duas pessoas. Gabriel reconheceu a garota, era Camila, que era da turma de programação de Lucas e que já jogou RPG com eles uma vez, mas o cara ele não conhecia.

Lorena correu na direção deles, muito feliz por reencontrá-los, e abraçou Jade, porém percebeu que Lucas estava bem mais fadigado que os outros, então não fez o mesmo com ele.

— Que bom que vocês estão bem!

— Digo o mesmo — falou Jade — Ah, esses são Camila e Pedro Henrique. Ela tava na sala onde estávamos e ele encontramos no caminho, quando estávamos passando perto da área de saúde.

— Cabe isso tudo de gente na sua casa?

— Se rola a minha família passar lá, então tem como dar um jeito… — Jade falou coçando a cabeça.

— O que aconteceu com ele? — Lucas perguntou se referindo à pessoa que Gabriel e Eduardo estavam carregando.

— Ah! Esse é Isaac, a gente encontrou ele caído aqui perto. Ele trabalha na biblioteca.

Lucas ficou pensativo. O veio uma sensação ao ver Isaac porém não sabia o que era. Ele frequentou a biblioteca poucas vezes, então nunca se encontrou com ele antes. 

— É melhor a gente sair daqui logo — Gabriel se pronunciou, quando os dois grupos estavam mais próximos — A gente encontrou um monstro e pouco depois um daqueles “cultistas”. Ficar muito tempo parado é uma péssima ideia.

— Encontramos alguns daqueles malucos também — Pedro mencionou —  Bom, nem tou aguentando andar muito mais, né?

— A gente tá quase chegando — Jade falou — Vamos.

Os dois grupos se uniram e todos seguiram juntos o resto do caminho. Em parte do percurso estavam em silêncio, em outra havia uma troca de diálogo pequena. Lucas estava um pouco atrás dos outros, com olheiras um pouco profundas e visivelmente exausto. Lorena se aproximou dele para conversar:

— Você está bem?

— Eu não sei… Tou bem cansado.

— Ficou tacando Hadouken naqueles caras?

Lorena fez a posição do ataque de Street Fighter com as mãos e Lucas deu um riso de leve, mas logo em seguida ele sacudiu a cabeça respondendo:

— Não. Eu não consegui fazer nada.

— Como assim?

— Depois te conto… — Lucas falou olhando para os outros à frente.

Todos finalmente chegaram na casa de Jade. O ruivo rapidamente tirou as chaves de um pequeno bolso presente na alça de sua mochila e logo abriu o portão. Assim que todos entraram e o portão foi fechado, Jade falou enquanto abria a porta da entrada:

— Podem deixar Isaac no sofá, por enquanto. Vou só… Ver umas coisas, aí fiquem à vontade.

— Tem algum curativo ou algo do tipo para cuidar de quem tá machucado? — Pedro perguntou.

— Deve ter. Vou dar uma olhada, não vou demorar.

Jade avançou pelo interior da casa enquanto os outros ficaram na sala. Era visível que ele estava agitado. Ele andou pela casa, porém não encontrou nada de seu namorado. Boa parte das coisas dele, inclusive seu animal, haviam sumido. Ao chegar no quarto, também não havia muito além das próprias coisas. Jade encarou seu celular tremendo levemente e leu as últimas mensagens que tinha no chat com ele. Alen o havia mandado uma mensagem estranha alguns minutos antes do tremor que ocorreu antes do ataque à universidade. Após isso, nenhuma resposta:

11:00 Alen: Está acontecendo algo errado. Fique seguro, voltarei para casa quando puder.

11:01 Jade: Q? Não entendi

11:05 Jade: ?

13:00 Jade: Alen! Aconteceu algo aqui na faculdade! Uns caras tacaram fogo na biblioteca e tem uns monstros atacando todo mundo!
 
13:00 Jade: É disso q vc tava falando mais cedo?

13:01 Jade: Oq tá acontecendo?
 
13:02 Jade:13:03 Jade:13:05 Jade: !!!

18:54 Jade: Onde vc tá?

20:37 Jade: Me responde, por favor.

Hoje

09:00 Jade: Alen?

Em nenhum momento houve resposta e a nota de “offline” desde a poucos minutos após o horário da última mensagem de Alen fazia Jade se sentir ainda pior. Ele suspirou e mandou mais uma mensagem, dessa vez dizendo que estava em casa, apesar de não estar tão confiante de que esta seria lida.

De repente Gabriel se aproximou dele e ambos se assustaram ao mesmo tempo.

— P-Droga, Gabriel!

— Você que me assustou! Hum… Mirt me falou da mensagem que Alen mandou.

Jade suspirou, olhou para baixo e resumiu toda a situação. Jade tinha saído de casa cedo, como de costume, e Alen havia ficado em casa dormindo um pouco mais pois tinha passado a madrugada trabalhando. Após isso, além daquela mensagem, nenhuma notícia.

— Sinceramente, não sei muito o que pensar sobre isso, nem ligo se alguém sabia sobre aquela coisa. Só queria saber o que aconteceu com ele…

— Dá pra entender… Ah! — Gabriel tirou um papel do bolso — Isso aqui estava com Isaac quando o encontramos. Já que quem poderia ser especialista nisso não tá aqui…

— Aí você tá superestimando ele, hu. — Jade analisou o que estava escrito no papel, então continuou — Hum… tem coisa aqui que parece seguir padrão diferente, provavelmente foi escrito depois, mas falando do que identifiquei, esse círculo com um ponto no centro já vi representando “sol” ou “ouro” em lance de alquimia e esses triângulos aqui tem ligação com os quatro elementos, mas aí não lembro o que é o que. Os outros símbolos com sorte podem ser de alguma cifra de substituição.

 — Hum… Entendi… Acho que dá pra usar isso pra descobrir algo enquanto o cara alí não acorda. Posso usar seu computador?

Jade deu de ombros respondendo que sim. Logo em seguida, ele seguiu para o banheiro pegar a caixa de primeiros-socorros e ambos voltaram para a sala. Quando voltaram, Camila estava conversando no celular e os outros ou estavam mexendo nos próprios telefones ou conversando entre si.


Passaram algumas horas. Isaac estava se sentindo um pouco dolorido e exausto e quando acordou, se viu meio tonto e desorientado. De repente lhe veio em mente o que aconteceu com ele antes de perder a consciência e quase começou a se preocupar por estar num lugar que nunca viu antes, porém o veio certo alívio ao reconhecer algumas das pessoas que estavam na casa e que nesse momento notaram que ele acordou.

Lorena resumiu como seu grupo o encontrou e os outros contaram como chegaram onde estavam. E, apesar de não ser necessário, também mencionaram que Camila e Eduardo não estavam mais com eles, pois Camila havia conseguido contato com o pai dela e Eduardo pegou uma carona já que a casa dele era no caminho.

— E eles foram embora assim?

— Todo mundo ficou com o pé atrás com isso, ainda mais a essa hora — Pedro falou franzindo as sobrancelhas — Com sorte eles ficarão bem.

— É…

Isaac ficou pensativo e levemente preocupado, com sua mente divagando sobre o que acabaram de lhe contar enquanto encarava discretamente todos presentes. Ele não sabia muito o que fazer ou dizer nesse momento. O perguntaram o que aconteceu com ele e como foi parar inconsciente fora da faculdade, no meio da rua. Ele respondeu, esfregando um pouco as mãos, que o incidente provavelmente começou no seu horário de folga e ele mencionou que com isso teve sorte de não estar trabalhando durante o começo do ataque, pois estaria morto.

Ele disse que chegou a perceber o ataque apenas quando chegou à área aberta e avistou pessoas correndo e alguns monstros e com isso ele se escondeu em uma sala. Quando viu oportunidade de ir embora ele tentou fugir, porém num momento foi atacado, após isso, não se lembra de mais nada.

— Posso ter desmaiado pelos meus ferimentos, cansaço… Não sei.

— Suas feridas não estavam das piores, mas pelo cansaço da fuga pode fazer sentido — disse Pedro.

— E o papel que tava com você? — Perguntou Gabriel.

Por um segundo Isaac ficou confuso, até Gabriel mostrar a folha em sua mão.

— Por que você tava com isso e o que são esses escritos? 

Isaac desviou o olhar e disse “Eu não me lembro dessa coisa. “

Gabriel ficou visivelmente irritado e Jade suspirou soltando um “ah, não…”, enquanto o primeiro se alterava dizendo que era óbvio que Isaac estava escondendo alguma coisa. 

— Tem a porra de um monstro gigante com cara de “kutúlu” fazendo a festa lá no Chile enquanto pessoas ficam surtadas pulando de prédio, um monte de igreja explodindo, bibliotecas e universidades em chamas, servidores caindo, o lugar que VOCÊ TRABALHA foi ateado fogo e “cê” me aparece com um pedaço de papel com um troço cifrado e diz que não sabe de nada?! 

— Calma, Gabriel! — Lucas disse o dando um toque.

— Se tá insinuando que eu tenho alguma ligação com o que aconteceu, eu juro que não tenho nenhuma — Isaac falou com a maior seriedade possível.

— Então desembucha o que é essa merda!

— E o que qualquer um aqui vai ganhar sabendo disso?

Todos ficaram em silêncio. De fato, esse clima não os levariam a lugar nenhum. Após alguns minutos, Isaac ficou pensativo e logo em seguida falou:

— A biblioteca é antiga, alguns livros tanto quanto ela e o acervo tem de tudo.

— Tinha alguma coisa na biblioteca que poderia ser do interesse daqueles caras? — Lorena perguntou.

Ele fica pensativo e dá de ombros dizendo que é difícil saber.

— Eles poderiam querer roubar ou destruir qualquer coisa. História, religião, ocultismo… Talvez… Seja alguma dessas coisas os interesses deles.

— Ocultismo, sério isso? — Pedro parecia um pouco incrédulo, mesmo depois das coisas que chegou a testemunhar.

— Tá… E o papel que estava contigo, tem alguma coisa ligado a isso? — Jade perguntou.

Isaac suspirou e ficou pensativo, até que decidiu dizer o que considerava o suficiente:

— Eu não sei o que está escrito nesse papel, só sei que antes de… Os cultistas que me perceberam me atacarem, Thiago, esse vocês não devem conhecem ele trabalha numa parte mais fechada do acervo, ele… Me pediu pra entregar isso a um amigo dele, aí… Só não consegui.

Jade ficou pensativo analisando o que Isaac falou. Ele suspeitava que ele estava ocultando algumas coisas, mas conseguia perceber que ele estava sendo sincero, principalmente na parte de não estar do lado dos cultistas.

— Ok, eu acredito em você, foi mal por essa situação.

Os outros concordaram, mas Gabriel se mantinha com a cara fechada.

— Alguma pergunta? — Jade o perguntou sério.

— Oh! Não me olha com essa cara!

— Agora dá pra gente aliviar essa energia pesada, só dessa vez?

Todos presentes concordaram, logo em seguida mudaram de assunto. Estava difícil digerir tudo que estava acontecendo, todos estavam estressados, mas o que era certo é que nada será como antes.

CAPÍTULOS POSTADOS