Foram 2 meses para um capítulo pequeno, mas tá melhor que o tempo de Sobreviventes de Cthulhu, kkkkk. Tomei um ramo um pouco diferente do que estava pensando depois de encerrar a última play (lembrando que demorei mais pra escrever do que pra jogar), mas, é pode sair algo mais interessante daí. Aproveitem a leitura.

CAPÍTULOS POSTADOS

Noite 3 –  DOM (madrugada) 

[Apenas para dizer, quando finalizei o capítulo anterior, tinha considerado em narrar a ida dos personagens do local da quest pra casa do Tyler, mas descartei por ser algo prolongado e sem necessidade, porém nisso acabei fazendo rolagem de onde os outros personagens moram: Richard no sul do Brooklyn e Antony em algum lugar em Manhattan. Se Tyler precisar de contato com eles, se sabe onde encontrá-los]

Após voltar pro apartamento, Tyler estava extremamente cansado. Só queria ficar um tempo sem fazer nada, apenas isso, sem encher sua cabeça pensando em tudo desses dias. Ficou alguns minutos quieto em seu sofá, encarando a secretária eletrônica piscando. Ele não ouviu nenhuma mensagem desde o incidente do assalto, apesar de saber bem o conteúdo provável de parte  delas. Ele criou coragem de ouvir, enquanto se deitava no sofá e encarava o teto. 

Algumas eram só um segundo de silêncio, o que era normal, outras perguntando porque ele não foi pro trabalho, uma falando da Cris estar no hospital, tudo dentro do que ele havia previsto, mas a última foi um pouco além do esperado e o chamou um pouco a atenção, o fazendo se sentar enquanto escutava. Não foi de antes dos policiais entrarem em contato com ele, foi na tarde deste sábado.

Era de um amigo perguntando como ele estava. Dava pra perceber um pouco de preocupação na voz de Andrew e também que pra ele o papo de “estar doendo” era mentira e podia ser alguma outra coisa, talvez mais grave. Tyler passou os últimos dias apenas tentando lidar com tudo sozinho e sem coragem de olhar na cara de algum conhecido, ainda mais alguém próximo como Andrew. Tye ficou pensativo, pegou seu celular, ficou alguns segundos encarando o aparelho e enviou uma mensagem. Ele estava se sentindo estúpido em fazer isso, mas uma parte dele queria tentar conseguir ajuda. Ele não confiava totalmente nos vampiros que passaram pelo seu caminho, nem mesmo em Ah-kum. 

Após isso, Tyler seguiu para o banheiro, tirou algumas manchas de sangue de suas roupas e duvidando que receberia resposta a essa hora da noite decidiu tentar dormir, apesar de não estar sentindo um pingo de sono. 

Dia 4 – DOM

16:10

Tyler havia conseguido cair no sono e acordar com a cabeça um pouco melhor, apesar de ainda não estar das melhores. Checando o celular, seu amigo respondeu sua mensagem a algumas horas atrás. Tyler havia escrito que ouviu a mensagem dele e queria saber se poderia ir em sua casa conversar pessoalmente e Andrew aceitou. Ainda era dia, Tyler se aproximou da janela para ver se era possível arriscar sair, mesmo não tendo anoitecido, mas o céu estava limpo e o sol a pico, algo que fez Tyler acabar se queimando ao abrir uma fresta para tentar ver o lado de fora.

Ele não poderia sair, então mandou uma mensagem dizendo que passaria na casa de Andrew mais tarde.

Ele teria que esperar pouco menos de duas horas, mas não havia muito problema nisso se não passasse essas duas horas sem uma resposta da mensagem.

Noite 4 – DOM

18:00

Assim que viu que o horário era favorável para sair, Tyler pegou o necessário, vestiu o casaco do dia anterior, que já estava seco, e pegou o primeiro táxi que avistou para ir à casa do seu amigo.

Ele não quis conversar com o motorista, apenas chegar onde queria.

18:30

Ao chegar no seu destino e pagar o taxista. Tyler demorou alguns segundos, mas tocou a campainha daquela casa de arquitetura tão velha quanto o prédio que Tyler morava e em pouco tempo Andrew atendeu, já levando um leve susto, como se Tyler fosse um fantasma.

— Cara, o que aconteceu com você?! — Andrew perguntou.

— Bom, é o motivo de eu estar aqui — Tyler deu de ombros.

— Tá, entrar. Entra.

Quando Tyler entrou, Andrew fechou a porta comentando que aconteceu alguns imprevistos, por isso não foi possível responder a última mensagem.

— Mas agora me explica. Por que você tá com essa cara de morto e por que tá sumido desde quinta ainda mais com o rolo da Cris estar no hospital?

— Pras duas perguntas… Por que ESTOU morto.

— Quê?

Tyler pediu para Andrew escutar tudo antes de questionar. Apesar de não compreender, ele aceitou e os dois se sentaram, um no sofá e outro numa cadeira que havia na sala.

— A Cris havia descoberto algumas pistas de um caso. Daquele dos caras meio esquisitos rondando por Bronx, sabe?

— Tou ligado. 

— Aí ela me pediu pra ajudar na coleta de provas, ou ainda com chance de descobrir mais coisas que dariam um “belo furo”… Tem umas coisas que a gente descobriu mas como ela foi me colocar no meio disso de noite, fácil, fácil terminamos tudo beirando a madrugada. Depois de uma pausa pra gente comer alguma coisa, eu estava dirigindo pra gente voltar pra casa, aí quando parei num semáforo um cara anunciou um assalto. Eu não tinha muito o que fazer, ele estava apontando a arma para a minha cabeça e a Cris claro que estava apavorada. 

“Depois disso, fiz uma coisa estúpida que levou a toda essa merda. Mandei Cris sair do carro e assim que eu mesmo saí tentei arrancar a arma da mão dele. O assaltante me derrubou ao deixar escapar um tiro na minha perna, depois atirou na Cris, provavelmente foi nela que ele deu aquele segundo tiro, aí… Ele atirou em mim de novo. Foi rápido, não senti nada, mas sei que foi na minha cabeça.”

“Aí depois disso, sinceramente, é aí que começam as loucuras. Eu devia estar morto, eu DEVIA ter morrido naquele assalto, mas alguma coisa não me deixou morrer. Eu simplesmente recobrei a consciência com a boca cheia de sangue como se fosse um animal carnívoro depois que comeu sua presa. Eu estava num necrotério e matei a primeira pessoa que estava por perto. A única coisa que pude fazer foi fugir de lá.”

“Minha cabeça andou confusa. Tem algo, um demônio, dentro de mim que me transformou numa espécie de vampiro. Eu tenho algumas habilidades sobre-humanas que não compreendo bem, quando estou fraco me vem uma mistura de fome com sede que não se sacia com nada a não ser sangue e nem vim pra cá mais cedo porque passar no sol é como passar direto no fogo. Nem falo dos outros vampiros e aberrações que acabei conhecendo por acaso nas últimas noites porque só rendeu merda atrás de merda isso tudo e não sei mais se quando fico puto é porque tou puto mesmo ou porque a coisa que me mantém vivo está influenciando isso.”

“Sei que isso tudo que acabei de falar parece inacreditável de mais, mas… Não tenho ninguém pra falar isso. Nem pude visitar a Cris porque ela tá internada no mesmo hospital que foi levado o meu corpo e a polícia já está investigando o caso do assassinato no hospital. Além de que uma parte de mim, ou aquela coisa, só quer matar aquele filho da puta que me matou porque, além dele ter feito questão de me matar ao invés de só vazar com meu carro, eu sei, a polícia não vai procurar ele, EU sou o suspeito com maior potencial. Depois daqui, só vai me restar sumir.”  

Andrew ficou alguns minutos em silêncio absorvendo isso tudo até que simplesmente disse:

— Eu… Não sei o que dizer sobre isso.

— Você acredita em mim ou não?

Andrew deu de ombros, indicando não acreditar ou estar dividido com isso. Tyler sentiu um nó na garganta e liberou um leve riso de deboche.

— Hu, claro, como sou idiota…

— Cara, isso não faz sent-

— Acha que eu viria aqui só pra contar uma mentira absurda? Acha que eu viria até aqui MENTIR colocando crimes em minhas costas?!

Os olhos de Tyler se transformam, nesse momento os de Andrew se arregalaram. Tyler respirou fundo para não ceder ao demônio e acabar fazendo o que não quisesse.

— Eu não devia ter vindo.

Quando Tyler se levantou, Andrew tentou argumentar, mas Tyler não deu ouvidos e rapidamente saiu pela porta, desaparecendo nas sombras. Andrew ficou perdido, mas não tentou procurá-lo, voltou para dentro de casa.

Tyler, se afastou, se escondeu num beco e ficou encostado na parede tentando se acalmar.

“Não, deixe ele fora disso. Deixe ele fora disso.” Sussurrava para si mesmo e o demônio, para não fazer mal algum a Andrew. Não restava mais nada pra ele. Ele estava sozinho.

[Usei o sistema NPCEm, de Alexandre Selliach, para determinar os resultados dessa conversa. Andrew teve resultado inicial como NPC Prestativo (faz sentido, pela preocupação com o personagem na mensagem) e os resultados das rolagens foram “ajudar prontamente” na parte de ouvir tudo que Tyler tinha a dizer, mas tirou como neutro na reação ao monólogo de Tyler, aí o veredito final foi uma pergunta pro oráculo se o personagem acreditava nessa história toda de vampiro ou não. ]

Gastei a vontade que Tyler ganhou pelo soninho, mas TOMA AQUI ESSE 9 NO DADO! Parece que o rumo da mesa levou para o título de cenário. Que ironia…

Parei essa play por aqui por que não sei se faço um time skip ou continuo diretamente onde parou. Quando sair o próximo capítulo descobriremos. Até mais o/