Finalmente joguei esse dia! Bom, dessa vez o capítulo foi meio curto porque a primeira ação tomou muito tempo do dia, aí tiveram poucas ações e eventos dessa vez, porém espero que gostem.

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O dia começou logo cedo, com o grupo aproveitando o céu limpo para finalmente consertar os estragos feitos pelos carniçais. As armadilhas foram posicionadas e qualquer fragilidade presente nos muros foi resolvida. Foi trabalhoso e levou a manhã inteira, mas quando finalmente terminaram houve uma sensação de satisfação e alívio, ao menos num próximo incidente as defesas não estariam tão frágeis assim.

Quando estavam descansando, conversaram algumas coisas aleatórias, até puxarem com Sabrina uns assuntos sobre ela. A perguntaram se depois do incidente que ela passou tinha algum lugar em mente para ir ou estava sem rumo.

— Meu grupo tinha contato via rádio com um outro. A gente trocava favores e às vezes recursos, coisas assim. Estava indo pra lá até, vocês sabem.

— Você sabe a exata localização? É muito longe? — Jade perguntou. 

— Sei, já fui pra lá algumas vezes, mas ia num carro que meu grupo usava, a entrada mais próxima fica perto do rio.

— Vixi, faz muito tempo seu último contato com eles? — Lucas questionou — Litorais e rios andam “complicados”. Sem contar que a gente tá um pouco longe do rio por isso. 

— Tou sabendo… O último contato foi um ou dois dias antes daqueles zumbis atacarem a minha base. Não tenho outro lugar pra ir, então é a melhor opção que tenho. Apesar de que, por ter ficado ajudando vocês com a base, acho que não chego lá antes de anoitecer, hehe.

— Se você for amanhã cedo, dá para irmos juntos ou parte de nós — Gabriel comentou — Faz um bom tempo que não temos contato com outros grupos, pode ser útil pra ambas as partes.

— GC tá certo. AH! Seu Francisco não tá em algum lugar aqui por perto?

— Quê? Ah, verdade, o encontrei outro dia… Mas ele não me falou onde está a base dele.

— Quem é esse? 

— Um amigo do colega de um conhecido nosso, que é amigo de uma amiga nossa… É, é essa a conexão — Jade comentou um pouco pensativo nisso — De qualquer jeito, ele costuma ajudar bastante outros sobreviventes, ao menos ele nós sabemos que dá pra confiar. De repente ele pode ter um meio de contato ou conhecer esse grupo. 

— Sim! É por isso que falei dele! Também dá pra termos informação sobre qual é a do filtro dos sonhos.

— Boa!

— A gente pode confiar, mas nem parece que ele confia tanto nos outros… — Gabriel balbuciou, mas foi audível o suficiente — Ainda temos um bom tempo do dia, se formos agora, dá para tentarmos encontrar ele e voltar logo.

— Certo.

Eles organizaram suas mochilas e pegaram o necessário para sair da base. Após trancarem e deixar tudo seguro, eles seguiram pelo o que restou da cidade até próximo de onde Gabriel encontrou Francisco da última vez.

Poderia não ser totalmente uma boa ideia o procurarem junto de Sabrina, ela não sabia nada sobre aquele velho senhor ter certos conhecimentos da magia profana, em especial sobre desmortos, e ser quem passou algumas que conhece para Gabriel. A desconfiança pode levar a certos problemas, como foi por Isaac não os contar sobre o que sabia sobre o que estava acontecendo um ano atrás. Talvez parte dos problemas que tiveram naquele dia não tivessem ocorrido se todos soubessem a verdade de todos, apesar de ser óbvio que algumas coisas serem mais complicadas de acreditar e explicar mesmo com toda a loucura que estava acontecendo.

Após bons minutos procurando pistas, eles perceberam movimentos em um dos prédios. Todos ficaram em alerta, até avistarem um velho senhor, era justamente Francisco.

— Ora, bem que sabia que não seriam qualquer um avistando um ruivo e um rapaz de cabelo azul juntos, huhu. Como estão?

— Oi, a quanto tempo! — Jade falou — Bom, vivos, obviamente, he.

— E a senhorita quem seria?

— Ah! Me chamo Sabrina. Estou com eles por um tempo.

— Entendi… E o que os levam pra região? Busca de recursos ou outra coisa?

— A gente tava te procurando — disse Lucas — Precisamos de informações, talvez um favor…

— E também precisamos de um lugar menos exposto para conversar sobre isso. — Gabriel comentou olhando ao redor.

Francisco ficou pensativo e olhou para cada um do grupo, depois suspirou e disse:

— Me sigam, o melhor lugar para isso não fica tão longe daqui.

Em poucos minutos, passando por alguns becos mais estreitos, eles chegaram numa casa térrea quase perdida entre os prédios ao redor. Havia apenas algumas barricadas simples, mas a localização um pouco escondida era favorável. Assim que Francisco abriu uma passagem para que eles entrassem, a primeira coisa que todos notaram foi uma travessa de vidro com água e um emaranhado de tentáculos que se moviam lentamente.

— O que diabo é isso?! — perguntou Gabriel com espanto.

— Uma criatura que encontrei perto do rio. Ainda a estou estudando, mas me serviu pra o problema com abissais que mencionei. Mesmo assim, estou velho de mais para sair correndo ainda mais carregando isso. Oh bestas malditas… Mas então, O que levou vocês a me procurar? Algum progresso?

— Não e são duas coisas — Lucas retirou da mochila o filtro dos sonhos. — Primeiro, encontramos esse filtro aqui, aí queremos saber se tem alguma propriedade diferente. A segunda é que Sabrina conhecia um outro grupo via rádio, aí queríamos saber se o senhor os conhece ou tem algum rádio para tentarmos contato.

— Certo, vamos por partes.

Francisco analisou o filtro dos sonhos por alguns segundos e disse:

— A maioria desses filtros são feitos como simples decoração, apesar de para os que acreditam serem capazes de evitar pesadelos e insônia ocasionados por energias ruins, mas tendo essa runa na pedra central… A pessoa que fez isso sabia o que estava fazendo, essa é uma runa de proteção e, a menos que tenha outra propriedade escondida que eu não conheça do que o velho Thiago tenha me mencionado, Esse filtro pode aprisionar seres incorpóreos, como fantasmas, algumas entidades e até espíritos de humanos que estejam xeretando usando projeção astral.

— Ah, faz sentido… — Falou Gabriel levemente pensativo. Ele havia encontrado o filtro justamente por que “a sombra” estava incomodada com o objeto.

— Ele pode aprisionar temporariamente e se for destruído com uma entidade presa dele, a entidade é destruída junto. Acho que é tudo que tenho a dizer sobre isso aqui. E quanto ao grupo que vocês mencionaram, sabe o nome de algumas pessoas?

— Ah, sim! — Sabrina falou — Algumas das pessoas do grupo que tive mais contato são Ricardo Farias, Elisa Sousa e tem uma Tais, mas não sei o sobrenome dela.

— Hum… É, não os conheço. E infelizmente  não possuo um meio de comunicação por causa de um ataque na minha antiga base, nem mesmo… — ele se interrompeu, como não conhecia Sabrina o suficiente, poderia estar falando de mais — Restou alguma coisa dos meus “métodos de segurança”, como dá para notar pela humildade desse lugar.

— Hum, então o jeito será irmos pra lá amanhã… — disse Jade.

— Se precisarem mesmo ir, tomem bastante cuidado e não se arrisquem de mais. 

— Pode deixar. E… Precisa de alguma coisa?

— Ah, não precisam me dar nada, compartilhar meu conhecimento já é o bastante, hu. 

O grupo agradeceu, se despediu e saiu da base. No caminho de volta para a base, eles perceberam movimentação no que restou de uma praça. Não houve dificuldades em perceber que eram vários desmortos, porém estes não estavam sozinhos, as criaturas estavam observando uma pessoa utilizando um manto escuro, o que permitia facilmente o grupo identificar como um Cultista de Cthulhu. Eles não foram percebidos, porém estavam próximos o suficiente para perceberem que aquele indivíduo estava fazendo um ritual envolvendo sacrifício humano. Veio em todos um desconforto, e a decisão de sair dali o mais rápido possível, apesar de Jade ter ficado encarando aquela cena um pouco de tempo a mais. 

Chegando na base sem mais nenhuma surpresa, todos estavam cansados por todo esforço físico que tiveram no dia. Quiseram apenas matar um pouco o tempo e Lucas percebeu que Jade estava um pouco aéreo, então foi falar com ele, enquanto Gabriel ficou sozinho com Sabrina. 

— Então… Vocês vão mesmo ir comigo amanhã? 

Ele deu ombros dizendo:

— Vamos precisar de contato de outros grupos cedo ou tarde mesmo.

— A quanto tempo conhecem o Francisco? 

— Não muitas semanas depois que Cthulhu acordou. Hum… E você com aquele grupo? 

— A poucos meses, mais ou menos. Algumas pessoas do meu grupo encontrou alguns deles por acaso numa coleta de recursos e foi isso. 

— Entendi… 

Gabriel ficou pensativo, queria saber se alguém daquele grupo tinha conhecimento em magia para ajudá-los, mas não se dispôs a perguntar. 

Enquanto isso, Jade ia tentar matar o tempo construindo alguma ferramenta para ajudá-los, mas ele não estava com cabeça pra isso. Lucas se aproximou dele perguntando se estava bem. 

— Eu tou, só… É meio chato a gente não poder ajudar todo mundo. Aquelas pessoas que aquele cultista estava usando no ritual, aquela pessoa que vimos que se o filtro fosse mesmo dele de repente poderia ser alguém útil pra gente… É frustrante.

— Sei bem como é… Não vou dizer que aceitei e tou conformado de nem sempre poder fazer alguma coisa, por que seria mentira, hehe. Mas, é, estamos na situação de ou a gente ignora ou morre a toa.

— É. Você acha que alguém no outro grupo poderá te ajudar? 

— Não parei pra pensar nisso. — Lucas olhou para as próprias mãos e continuou — Se der pra eu voltar ao “meu normal”, só espero não fazer merda de mais por excesso de confiança. 

— Como se você não fosse merdeiro, né?

Lucas riu e depois disse:

— Não esquenta muito a cabeça com aquilo que vimos.

— Certo, certo… Bom, com sorte as coisas vão melhorar.

— É assim que se fala! Bom, vou separar algumas coisas e arrumar o que fazer.

Lucas se afastou e Jade ficou um pouco pensativo. Normalmente ele ficaria de cabeça erguida para manter todos de pé, mas até nele bate um desânimo por causa dessa situação do mundo às vezes. Ao menos o filtro dos sonhos pode ser um objeto muito útil. Eles nunca tiveram que lidar com espíritos ou algo similar, mas nunca se sabe.

Deixando uma nota: Vou começar a aplicar na mesa o meu material “Horror e Insanidade“. Pode dar muito ruim pros personagens, provavelmente, mas bora ver no que dá.

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